terça-feira, 12 de maio de 2009

Sem amor (13/04/2007)

Tenho poesia dentro de mim
Quero libertar-me da poesia
Vomitar, por aí, poesia, nos postes das esquinas
No banheiro limpo dos shopping’s
Sujar o chão, a privada e a porta com minha poesia

Tenho poesia dentro de mim
Que teima em não sair e me engasga
Como numa ressaca, o gosto férreo
Sinto o gosto amargo da poesia em minha boca
Tal qual boldo preso na garganta

Tenho poesia dentro de mim
Quero fazer uma cirurgia
Quero libertar para sempre a poesia
Livrar os pensamentos e angústias
Deixar que vaguem soltos nos campos

Quero livrar-me das poesias
Que dentro de mim estão mortas
Quero colocar dentro de mim outra lírica
Nestas horas que parecem passar tortas
Francisco Muriel

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